26 de nov. de 2007

Igualmente desiguais

Vendo os logotipos que concorrem numa "brincadeira" lançada pelo Brainstorm , para o logo da copa do mundo no Brasil, cheguei a seguinte reflexão sobre a insistente e as vezes despreciosa colocação de ícones do Rio de Janeiro como o Cristo redentor, ou pão de açúcar(e a revolta dos leitores nos comentários)no logo da Copa do Brasil e não um evento com sede no Rio de Janeiro.

"Isso é reflexo da visão de um pais que ve a produção cultural a a formação da "identidade nacional" - que na verdade não existe - figurada no rio de janeiro pela globo. A globo ( e principalmente a sua hegemonia em 99,9% do territorio nacional), na sua busca por um dominio nascional, criou um ideal de que o brasileiro é o carioca, vive perto do mar, gosta de samba, feijoada, futebol e coisas afins. Uma tentativa de ter um símbolo único representativo de "o Brasileiro é assim", quando na verdade em nosso pais o que acontece justamente é a pluridade. Não somos iguais, ninguém é igual, somos todos brasileiros, mas cada um diferente do outro, com mesmos deveres e direitos. Mesmo eu, baiano, gostando de praia, sol, feijoada futebol e samba, e isso sendo muito parecido com o modelo pregado como nacional, tenho a plena certeza que não sou representante de unidade deste pais, nem de perto, eu sou fruto da minha comunidade, no meu "ser social" e não do meu pais como um todo."

Este texto exemplifica bem o que defendo na questão da pluridade de simbolos:

Vejamos parte dele

"(...)O que faz essa bebida ser um símbolo de brasilidade? A brasilidade não precisa ser a representação de uma idéia generalizada de Brasil. O que é brasileiro para um pernambucano talvez não o seja para um carioca. Há uma tendência em considerar a cultura do Rio de Janeiro ou da Bahia como representativa do resto do país. Se tivermos uma visão mais ampla do Brasil, mais condizente com a nossa diversidade, podemos considerar (...) muitos outros símbolos regionais brasileiros como representativos do nosso país."

Outro muito bom sobre o sotaque no jornalismo na TV:

Trecho:
"(...)A televisão brasileira criou certo padrão de sotaque “carioquês” e “paulistanês”, e desta forma tem exigido cada vez mais daqueles que almejam uma vaga para repórter de rede. Como resultado desta exigência, as emissoras contratam fonoaudiólogos para minimizar os sotaques dos artistas e demais profissionais. A importância das fonos é a de ensinar os novatos a falarem, neutralizando seus sotaques, acabando com vícios de linguagem e fortalecendo quem abusa da produção vocal, os repórteres em treinamento fazem exercícios constantes, treinando e educando a voz, adequando a linguagem ao meio midiático.

Nas novelas, é visível a exploração do sotaque nordestino de maneira estereotipada, tornando-o extremamente preconceituoso por não representar a maioria do público nordestino e ainda gerar complexos.(...)

Uma materia da BBCbrasil que critica a visão de Brasil nitidamente litoraneo feita pelo jornal britânico The sunday times.

(...)O texto também descreve "hábitos brasileiros" ligados ao sexo, como freqüentar motéis, ir à praia para paquerar (apesar da reportagem não lembrar que a maioria das cidades do Brasil não tem praia), fazer cirurgias plásticas para aumentar os seios ou malhar para ficar com o "bumbum redondo e grande, o preferido dos homens", de acordo com o repórter. "Quanto maior e mais redondo, melhor", acrescenta o autor da reportagem.

Dicas do comportamento praiano também aparecem na reportagem. No Brasil, diz o Times, não se usa toalha para sentar na areia, só canga. O homem pede para sentar num pedaço da canga, nunca leva uma para praia, e aproveita para puxar um papo com a menina.(...)

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